INTRODUÇÃO
Câncer de Próstata é o grande temor dos homens maduros, que muitas vezes nunca sequer foram no médico ou tomaram “remédio da farmácia”. Filhos e esposa muitas vezes lembram de marcar a primeira consulta com o “doutor do homem” (Urologista) durante alguma campanha do “Novembro Azul”.
Temor justificado pelo fato do câncer de próstata ser o segundo tumor mais frequente entre os homens, atrás apenas do tumor de pele não-melanoma e representar 10% do total de cânceres. Considerado tumor da terceira idade (“melhor idade”), já que cerca de três quartos dos casos ocorrem a partir dos 60 anos. Aumento do número de casos pode ser explicado, em parte, pela evolução dos métodos diagnósticos, melhor divulgação dos dados e aumento da expectativa de vida global da população. Atualmente um homem de 60 anos ainda tem muita vida, com qualidade, pela frente.
O QUE É A PRÓSTATA?
A próstata é um pequeno órgão masculino com funções reprodutivas; localizada na parte inferior da barriga, logo abaixo da bexiga e à frente do reto, motivo este que pode ser tocada a partir do ânus; tem a forma de uma noz e envolve a porção inicial da uretra (tubo pelo qual a urina armazenada na bexiga é elimina até a extremidade do pênis).
SINTOMAS
Inicialmente o câncer de próstata não possui sintomas, sendo uma doença totalmente silenciosa. Muitos casos têm comportamento indolente e paciente muitas vezes pode falecer por outros motivos de saúde e apresentar poucos sintomas decorrentes deste tumor.
Com o crescimento do tumor na próstata, podemos encontrar sintomas urinários obstrutivos (jato fino e dificuldade de urinar) e irritativos (necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite).
Muitos pacientes com Hiperplasia Prostática benigna (HPB), que é o crescimento benigno da próstata, também possuem sintomas urinários obstrutivos e irritativos e podem desenvolver câncer de próstata, já que ambas doenças (câncer de próstata e HPB) têm taxas aumentadas com o passar dos anos. E durante a progressão/crescimento de um tumor prostático maligno estes sintomas podem exacerbar.
Na fase avançada do câncer de próstata podemos até cursar com obstrução urinária com necessidade de uso de sonda permanente saindo pelo pênis ou barriga. Obstrução dos ureteres (canal que comunica cada rim com a bexiga), cursando com insuficiência renal. Obstrução intestinal por acometimento do reto, que necessite de intervenção paliativa com colocação de bolsa de colostomia. Também em fase de doença disseminada, encontramos muitas vezes, dores ósseas e anemia profunda.
DIAGNÓSTICO
Achados no exame clínico (toque retal) combinados com o resultado da dosagem do antígeno prostático específico (PSA, na sigla em inglês) no sangue podem sugerir a existência da doença. Há uma grande controvérsia sobre a partir de qual idade deve-se recomendar os exames de rastreamento, mas esta decisão deve ser discutida caso a caso. Em geral o rastreamento (1ª consulta) deve iniciar entre os 45-50 anos de idade, principalmente para quem tem obesidade, diabetes, afrodescendência ou parente próximo com o diagnóstico de câncer de próstata.
A Ressonância Magnética multiparamétrica da Próstata (RNMp) tem assumido papel de destaque como estratégia complementar de rastreamento de tumores prostáticos, sendo capaz de evitar biópsias desnecessárias nos pacientes que apresentam baixa probabilidade de tumor ao exame (reduzindo custos, riscos e a ansiedade do paciente). Já nos casos em que a RNMp identifica lesões suspeitas, esta pode ajudar na biópsia do local mais apropriado, diminuindo as taxas de “biopsiar o local errado” (falso negativo).
O diagnóstico de certeza do câncer de próstata é feito pelo estudo histopatológico do tecido obtido pela biópsia prostática guiada por ultrassonografia transretal. O relatório anatomopatológico deve fornecer a graduação histológica pelo sistema proposto por Gleason ou o método mais novo, ISUP, tentando informar/prever taxa de crescimento do tumor e sua tendência à disseminação, além de ser um dos parâmetros utilizados na discussão do melhor tratamento para cada paciente.
Também tem muita importância o estágio clínico da doença, se a doença está no começo ou não, que pode ser estimado com exames complementares tais como: Ressonância Nuclear magnética, Cintilografia Óssea e, em alguns casos específicos, o PET PSMA com Gálio 68.
TRATAMENTO
O tratamento a ser instituído pelo médico depende da análise individual de algumas variáveis:
1 – idade do paciente
2 – expectativa de vida
3 – estadiamento da doença, escore de Gleason e PSA total
4 – classificação de risco anestésico e cardiológico/comorbidades
5 – situação miccional e da qualidade da ereção previamente à cirurgia
6 – desejo e autonomia do paciente
7 – experiência e número de casos tratados pela equipe assistente.
A Prostatectomia Radical:
Nos pacientes com boa expectativa de vida a Prostatectomia Radical (PR) está indicada, podendo ser realizada por via retropúbica (aberta), videolaparoscopia ou robótica. Todos tipos de cirurgia se realizadas com técnica apurada produzem os mesmos resultados funcionais (controle da continência urinária/ preservação da ereção), bem como resultados oncológicos semelhantes. As técnicas minimamente invasivas (laparoscópica e robótica) têm recuperação pós-operatória mais precoce e com menor perda sanguínea.
A técnica operatória e a experiência do cirurgião fazem toda a diferença nos resultados funcionais/oncológicos. A experiência vem com dezenas, centenas de casos operados com sucesso o que leva anos de aprendizagem. O que muitas vezes só é alcançado quando o cirurgião trabalha por um período em Hospital Oncológico.
As radioterapias convencional ou conformacional podem ser utilizadas para estes pacientes. A braquiterapia é uma modalidade de radioterapia que pode ser indicada em pacientes de baixo risco e são usadas sementes radioativas distribuídas dentro da próstata (implantes). Pacientes considerados de baixo risco também podem ser submetidos a observação vigilante. É sabido que a radioterapia dificulta sobremaneira uma cirurgia de resgate, caso haja recidiva após tratamento inicial com radioterapia. Porém não é impeditiva sua realização por equipe muito experiente e em casos muito bem selecionados.
Os Tumores de Próstata localmente avançados (invasão de cápsula, vesículas seminais e estruturas vizinhas) podem ser melhor tratados com terapia multimodal: associando hormonioterapia, Prostatectomia Radical Alargada e radioterapia, após a cirurgia e a volta da continência urinária.
PREVENÇÃO
O que fazer para diminuir chance de ter Câncer de Próstata?
Como prevenção primária (evitar o agravo de saúde) está comprovado que uma dieta rica em frutas, verduras, legumes, grãos e cereais integrais, e com menos gordura, principalmente as de origem animal, ajuda a diminuir o risco de cânceres em geral, como também de outras doenças crônicas. Nesse sentido, outros hábitos saudáveis também são recomendados, como por exemplo fazermos atividade física regularmente, mantermos o peso adequado à altura, diminuirmos o consumo de álcool e principalmente não fumarmos.
Pai ou irmão com câncer de próstata antes dos 60 anos pode aumentar o risco de se ter a doença de 3 a 10 vezes comparado à população em geral, podendo refletir tanto fatores genéticos (hereditários) quanto hábitos alimentares ou estilo de vida de risco de algumas famílias.
Quando começar a ir no Urologista?
Como prevenção secundária, onde o objetivo é descobrir o agravo/doença em estágios iniciais, devemos procurar um urologista a partir dos 45-50 anos de idade e desta forma minimizarmos a chance de termos casos de tumores mais avançados e de menor taxa de sucesso quando inicialmente tratados.