O que é?
A bacteriúria assintomática (BA) é o crescimento bacteriano que ocorre sem qualquer sintoma perceptível, sendo bastante comum e ocorre como uma colonização bacteriana comensal (oportunista).
Estudos clínicos têm mostrado que a BA pode, em alguns casos, proteger o hospedeiro (humano) de infecções urinárias sintomáticas e muitas vezes o tratamento com antibióticos (sem critérios) pode selecionar bactérias nocivas que causem sintomas e danos.
BACTERIÚRIA ASSINTOMÁTICA É COMUM?
Estima-se sua ocorrência em 1 a 5% das mulheres pré-menopausa, aumentando para 4 a 19% nas mulheres após menopausa. Nos indivíduos com diabetes sua incidência é de 0,7 a 27%. Nas mulheres grávidas é de 2 a 10 %. Na população de asilos com idade superior a 75 anos é de 15 a 50%. Em indivíduos com lesão medular a prevalência pode chegar até 23 a 89%.
A bacteriúria assintomática em homens jovens é bastante incomum e quando é detectada, normalmente, é devida a prostatite crônica.
DIAGNÓSTICO DA BACTERIÚRIA ASSINTOMÁTICA
Na ausência de qualquer sintoma urinário a bacteriúria assintomática é diagnosticada pelo crescimento bacteriano ≥ 105 cfu/mL em duas culturas urinárias consecutivas em mulheres e 1 cultura única em homens. Caso a coleta seja por meio de cateter introduzido na bexiga de forma limpa, um único crescimento ≥ 102 cfu/mL é suficiente para o diagnóstico de bacteriúria assintomática para ambos os sexos.
A cistoscopia ou exames por imagem do trato urinário superior não são mandatórios na maioria das vezes. Em homens o toque prostático deve ser sempre realizado.
TRATAMENTO DA BACTERIÚRIA ASSINTOMÁTICA
TRATAMENTO:
Didaticamente dividindo a população em grupos de risco para a bacteriúria assintomática:
A – Sem fatores de risco: não tratar com antibióticos
B – Mulheres grávidas: tratar por 2 a 7 dias
C – Pacientes diabéticos
D – Antes de procedimentos urológicos
A.1 – Tratamento da bacteriúria assintomática em indivíduos sem qualquer fator de risco:
A bacteriúria assintomática em adultos não diabéticos, mulheres fora do período de gravidez ou sem qualquer outro fator de risco para queda de imunidade o tratamento da bacteriúria assintomática não encontra suporte na literatura atual. Não havendo recomendação para seu tratamento.
A.2 – Tratamento da bacteriúria assintomática de pacientes sem fatores de risco e com infecções urinárias sintomáticas recorrentes:
Compreensão do tema é um pouco difícil por parte dos pacientes, porém o tratamento com antibióticos nos casos de bacteriúria assintomática em pacientes sem fatores de risco e que tenham infecções sintomáticas recorrentes não é recomendado, uma vez que, poderia proteger o indivíduo dos episódios de infecção sintomática.
B- Tratamento de bacteriúria em mulheres grávidas:
Recomenda-se o tratamento da bacteriúria assintomática em mulheres grávidas com antibióticos por período curto de 2 a 7 dias. O uso de antibióticos em dose única teve menos sintomatologia (efeitos adversos) para a mãe, porém com maior taxa de crianças com baixo peso ao nascer. Apesar dos estudos sobre o tema serem de baixa qualidade metodológica.
C – Pacientes diabéticos
Pacientes diabéticos não adequadamente tratados, ou seja, com a glicemia permanentemente alterada têm benefício do tratamento. Os pacientes com glicemia controlada e não muito idosos o tratamento não é fortemente recomendado.
D – Antes de Ressecção transuretral de Próstata ou Bexiga
Sempre que estiver indicada uma cirurgia onde o epitélio de revestimento urinário (urotélio) for violado como, por exemplo, em uma RTU de próstata ou de bexiga, devemos realizar uma cultura de urina e caso venha positiva é necessário tratamento por 1 dia ou por 3 dias previamente ao procedimento cirúrgico.